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Selic em alta e perda de credibilidade fiscal são freio para 2022, diz especialista

Efeitos do mais recente aperto monetário devem ser sentidos com mais força no ano que vem, diz Joni Vargas, sócio da Zahl Investimentos, à CNN

O aumento no ritmo de alta da Selic e a perda de credibilidade fiscal vão frear a atividade no ano que vem, prevê Joni Vargas, especialista em economia e sócio da Zahl Investimentos.

Em relação a credibilidade, Zahl se refere à intenção do governo de furar o teto de gastos para acomodar o Auxílio Brasil. Segundo ele, o problema aí é menos o valor de R$ 30 bilhões direcionado a esse plano e mais a sinalização de mudança na política fiscal.

“Você mina a credibilidade. A gente criou uma regra do teto em 2016 e, desde então, o país só vem apresentando déficit fiscal ano após ano. E, agora, arrumou uma contabilidade criativa para arrumar espaço para o Auxílio Brasil e outras despesas”, disse em entrevista à CNN nesta quinta-feira (28).

Esse cenário, explica ele, atrapalha a relação do país com organismos internacionais e afasta investimentos. “Dessa forma, a gente vai ter que pagar uma conta que vai servir aumento de inflação. Ontem o Banco Central já deu uma resposta importante, sinalizando para o que está por vir”, diz.

Na noite de ontem, o BC anunciou uma alta de 1,5 ponto percentual na Selic, taxa básica de juros, nom movimento de aceleraçao do aperto monetário. A taxa havia subido 1 ponto nas últimas reuniões.

Se, de um lado, a taxa mais alta visa controlar a inflação no país – que já chega aos dois dígitos em 12 meses e pesa no bolso dos brasileiros -, de outro, coloca um freio importante na atividade.

“(Num cenário de juros mais altos), os empresários pensam 10 vezes para fazer investimento em máquinas, por exemplo, o ritmo de empregos deve dar uma arrefecida por isso e, na conta do consumo, vai surtir efeitos”, diz. Esse efeito, porém, não é imediato e vai ser sentido com mais força na economia em meados de 2022, explica.

Ao mesmo tempo, Zahl ressalta que a fuga de investimentos devem continuar pressionando o dólar, que também tem efeito importante nos preços do país.

O especialista diz, no entanto, que acha precipitado dizer que a regra do teto, que limita os gastos do governo de um ano para outro, chegou ao fim. “Abrimos uma brecha para que isso possa acontecer definitivamente lá na frente”, diz.

(Publicado por Ligia Tuon)

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