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O alto preço do comodismo
Todo mundo almeja progredir em sua carreira, correto? Todos nós desejamos ganhar cada vez mais, ter mais responsabilidades, mais reconhecimento por nosso trabalho realizado, enfim... Esses são os princípios por trás de quase todas as teorias motivacio
Todo mundo almeja progredir em sua carreira, correto? Todos nós desejamos ganhar cada vez mais, ter mais responsabilidades, mais reconhecimento por nosso trabalho realizado, enfim... Esses são os princípios por trás de quase todas as teorias motivacionais existentes.
Como gestores treinados nos princípios acadêmicos, partimos do pressuposto de que todos os nossos colaboradores sonham com um plano de carreira, de um dia poder chegar ao topo da pirâmide organizacional. Entretanto, como eu sempre digo, pessoas são imprevisíveis, e como tal, nem todas se enquadram dentro do que nós julgamos ser o melhor para elas.
Como já dizia o personagem cinematográfico Tio Ben ao aconselhar o seu sobrinho Peter Parker, em uma das frases mais conhecidas da história do cinema (ou pelo menos para os amantes dos filmes da Marvel): “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. O que o sábio Tio Ben já entendia, e que seu sobrinho veio a descobrir mais tarde, é que nem todas as pessoas cobiçam ter grandes responsabilidades.
Ficar em uma posição por estar bem – ou por supor que está bem - numa determinada situação, é o que costumamos chamar de comodismo. O comodismo não é algo novo, o filósofo alemão Max Weber, em 1905, escreveu em seu livro A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, uma passagem que bem exemplifica o raciocínio do povo que vivia naquela época.
" [...] o povo só trabalha porque é pobre, e enquanto for pobre. Se o indivíduo tiver que trabalhar mais para poder ganhar mais, ele prefere trabalhar o mesmo tanto para continuar ganhando aquilo que ele já ganhava. Ou seja, a pessoa vai procurar trabalhar o mínimo possível para garantir o seu bom sustento e ter como comer e dormir [...]”.
Ao ler o trecho citado, me lembrei de uma antiga história contada por um professor nos tempos de faculdade. Ele, que gerenciava a área de Recursos Humanos de uma grande empresa, percebeu que havia uma funcionária que trabalhava no setor de fotocópias com um grande potencial. Era comunicativa, extrovertida, compromissada, estava cursando uma faculdade, ou seja, ela merecia algo melhor.
Encantado com as habilidades da funcionária, ele a convidou para trabalhar em outro setor, um lugar onde ela teria um plano de carreira, um salário melhor, mais reconhecimento, mas como não poderia deixar de ser, também teria mais responsabilidades.
A tal moça imediamente aceitou, e, por duas semanas, executou prontamente o seu serviço. Na terceira semana a surpresa. A promissora funcionária estava solicitando voltar ao setor de fotocópias, alegava estar infeliz com o seu atual trabalho, não queria tantas responsabilidades, preferia a boa e velha rotina que só o antigo serviço poderia lhe proporcionar. E o salário? Bem, ele já era o suficiente para pagar suas contas...
Meu professor argumentou, tentou convencer, explicar, teorizar, mas de nada adiantou, sabia que se fosse contra a vontade da funcionária as coisas poderiam ficar piores dali a pouco tempo. Desse modo, a próspera funcionária voltou para suas funções no xerox da empresa, lugar onde permaneceu durante anos.
Mas afinal, qual é a o preço do comodismo?
De uma forma bem simples, é perder a chance de desfrutar uma vida melhor. Quem se acomoda com a situação em que vive, sabendo que tinha totais condições de melhorá-la, está pagando um preço muito caro pelo comodismo, e, mais cedo ou mais tarde, vai ter que arcar com as consequências. E aí já poderá ser tarde demais.
Não deixe que isso aconteça! Não pague o preço do comodismo. Não podemos nos dar ao luxo de não aproveitar o valor das oportunidades enquanto elas estiverem disponíveis.
Não seja uma pessoa arrependida do que não fez, que fica remoendo o passado, mas sim uma pessoa responsável por construir o seu futuro. Brilhante, como deve ser. Aliás, como tem que ser.
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